Ensaio sobre um Merda

Tarde de terça, 15h15, começou frio e agora está calor.

Café da manhã
:Um misto frio no Corinthians.
Almoço
: No agradável restaurante do Grupo Estado. Arroz Integral, saladas e uma espécie de lasanha de beringela, que se chama Mustaka, conforme me atualiza a Rejane (obrigado!).
Jantar: (ontem) Arroz do Ton e Carne de Panela na Cerveja Escura.
Na madrugada
: O jantar foi servido por essa hora!
O que ouço
: O barulho do cotidiano paulistano.

Minha cabeça está quase caindo... de olhos fechados, ouço algo distante...
Algo diferente do hipnotizante barulho dos trilhos, do vai-e-vem dos trens e do bip das portas.
Abro os olhos. "Essa estação é a República?" Ela é cega. Eu confirmo.

Próxima estação, Anhangabaú.

Ela se levanta, arma a bengala e deixa o vagão. Só. No escuro.
Não há ninguém para conduzi-la a saída. Ela para.
As lágrimas me vem. O choro é arduamente seguro na guela. Por que?

Ela tem paciência. Sabe lá quando aparecerá um anjo para ajudá-la.
Penso que deveria ter sido eu. Covarde.
Ela lá e eu aqui, reclamando por atenção.
Sou uma merda de pessoa.

4 comentários:

Guilherme Camilo Prado disse...

sei bem o que esse isso,amigão
precisamos mesmo ser melhores do que somos... esquecer essa loucura profissional e aprimorar a pessoa
abraços

Anônimo disse...

Pois é, hoje em dia a gente não tem medo só de pedir ajuda, a gente tem medo até de oferecer ajuda... Eu, pelo menos, sempre tenho medo de ser mal interpretada. Uma vez eu estava num ônibus, entrou uma senhora e eu ofereci o meu lugar. Ela ficou tão ofendida, como se eu estivesse chamando ela de velha ou sei lá o quê. Levei o maior susto, morri de vergonha. Desse dia em diante, ou eu ofereço o meu lugar pra uma pessoa bem velhinha, daquelas que com certeza não se importam, ou eu finjo que chegou o meu ponto e me levanto sem falar nada, torcendo pra que a pessoa pegue o meu lugar... Esse mundo tá tão doido, que é difícil até praticar a cortesia, vai entender... Beijinhos...

Kagê disse...

Talvez seja o comentário de mãe, querendo aplacar o remorso de um filho. Talvez seja o seguinte: será que um deficiente visual que entra sozinho no metrô não tem a independência suficiente para estar ali, e apenas perguntar e ouvir uma resposta?
......
Não querendo fazer humor negro, mas já fazendo: pior foi um português "conhecido" nosso. Em Paris, dentro do metrô, levantou-se qdo uma uma moça cega aproximou-se. Disse a ela: "Santé". Pretendia ser gentil e dar seu lugar pra ela sentar...
Só que "santé" significa "saúde".

A mulher deve ter ficado doida e pensado um grande palavrão...

Na verdade, ele deveria ter dito algo como "asseie-vous" ou "placer" (nao sei se é assim que se escreve).

Unknown disse...

Oi Conrado, descobri o seu blog através do da Mari e de vez em quando dou uma passadinha por aqui, não muito, pois ele faz mal a minha eterna dieta hehehe. Só hoje resolvi comentar pois senti saudades dos seis anos de almoços no Estadão... E a propósito, o prato a que se refere, uma das especialidades da GR, chama-se mustaka. É de origem grega, e dependendo da qualidade da carne moída que eles usam, as vezes é bem saboroso mesmo.