Os ídolos partem, ficam os exemplos

Por Pedro Sbravatti*

A história dentro das quadras do maior tenista profissional do Brasil terá ponto final no apagar das luzes de 2008. Gustavo Kuerten, o nosso Guga, tricampeão de Roland Garros, número um do planeta por 43 semanas consecutivas, foi vencido pelas fortes dores no quadril. Para chegar ao topo, o catarinense se esforçou em sessões diárias de treinos e partidas desgastantes. Atingiu a perfeição. Infelizmente, não teremos mais oportunidade de vislumbrar sua arte.

Na época em que o ‘manezinho da ilha de Floripa’ surgiu, em meados de 1997, o povo brasileiro estava carente de ídolos. A nação perdera abruptamente três anos antes o inesquecível Ayrton Senna. A batida, quase frontal, na derradeira curva Tamborelo, no circuito de Ímola, em San Marino, roubou o esportista que tinha o poder de unir gerações à frente das televisões espalhadas pelo Brasil nas manhãs de domingo.

A favor de Senna, a sedução dos amantes pelo esporte a motor. Desta forma o piloto não precisou se esforçar para contar com apoio irrestrito da torcida. Com simpatia e habilidade, o Harry Potter brasileiro das raquetes precisou vencer o preconceito de uma modalidade definida como elitizada. Foi além. Virou ídolo e transformou o tênis em paixão nacional, algo jamais imaginado pela pátria verde-amarela.

O efeito Guga foi arrebatador. A febre tomou conta do País. Quadras lotadas. Alunos sedentos para aprender o jogo. Vendas de raquetes, bolinhas e uniformes idênticos ao do campeão se multiplicando a cada dia. Noticiários específicos da modalidade. Grandes emissoras de televisão lutando pelos direitos de transmissão dos torneios. E o brasileiro seguia vencendo, fazendo história, acumulando fortuna, angariando fãs por onde passava. Kuerten era tão absoluto que os rivais também nutriam respeito especial, admiração.

Mas tudo na vida tem um começo, meio e fim. A lamentar o fato de o problema clínico atrapalhar a carreira do tenista. Aos 31 anos, se estivesse nas perfeitas condições físicas, teria, pelo menos, mais três temporadas atuando em excelente nível técnico. Com certeza estaria rivalizando com Roger Federer, suíço dono do mundo do tênis e a quem Guga vencera em três oportunidades. Diga-se de passagem, o último triunfo diante do atual número um já longe do melhor da sua forma.

Infelizmente o adeus está próximo. Restam poucos torneios programados para 2008. Uma espécie de gran finale. Mas as despedidas são inevitáveis. O eternizar de uma lenda também não foge à regra. Kuerten será lembrado por todo sempre. Novos nomes surgirão. Quem sabe até superem os números e proezas do ex-número um. Mas o exemplo de perseverança, dignidade, genialidade, amor à profissão escolhida ficará para sempre. O legado ultrapassa os limites impostos pelas linhas das quadras e chega até as grandes cidades, interior do País, favelas, subúrbios.

A imagem de Guga sendo aplaudido por Yevgeny Kafelnikov, que apelidou o brasileiro de Picasso, devido aos golpes milimétricos, serve como exemplo para as novas gerações. Quantas crianças não deixaram as ruas e começaram a praticar tênis.

Tudo passa, mas os bons exemplos... esses se perpetuam através dos tempos. Quantos jovens não mudaram o curso de suas vidas ao assistirem de perto a atuação de esportistas de primeira linha durante a 71ª edição dos Jogos Abertos do Interior, ano passado, em Praia Grande.

Quem sabe daqui a alguns poucos anos não estaremos vibrando diante da tevê com um Hugo Hoyama, Diogo Silva, Anderson, Falcão, Magic Paula ou Rodrigão revelado pelo esporte praiagrandense. Treinar se espelhando em um grande ídolo fica mais fácil e prazeroso.
Só nos resta dizer duas singelas palavras a você Guga: muito obrigado!


*Pedro Sbravatti é jornalista e radialista especializado em esporte.

Ronaldo vai Operar em Paris

Instantâneo.

Acabo de conversar com Pipo Sapienza, assessor de imprensa do Milan. Ao vivo na Eldorado/ESPN ele acaba de nos informar que o atacante Ronaldo segue nesta quinta-feira para Paris, onde será atendido pelo doutor Gérard Saillant, o mesmo médico que operou o atacante em 1999.

Em tom oficial, ele confirmou a ruptura do ligamento patelar do joelho esquerdo do infortunado Ronaldo.

Leão de Saída

Tarde de terça, 14h05. Praia Grande, nublado e nada de praia!


Ao Acordar:
café com leite, bolachas doces e pão de semolina.
No Almoço: (ontem) Penne com brócolis, bacon e molho branco.
No Jantar: nada.
Na Virada da Noite:
nada.
Um Som do Dia:
a falta de samba nesse Carnaval (sem lamentações).

A situação do técnico Émerson Leão a cada dia que passa torna-se insustentável na Vila Belmiro. Primeiro foram os conflitos dentro do elenco, que culminaram com uma breve suspensão ao goleiro Fábio Costa.

Depois, veio a impaciência da torcida, que nas últimas rodadas pede a cabeça do treinador, culpando- o pelo fraco desempenho do Santos, hoje na zona de rebaixamento do Campeonato Paulista.

Agora, o desgaste é com a diretoria. Leão tornou pública a insatisfação com a contratação dos estrangeiros Molina, Quiñonez e El Tanque Pinto. O treinador disse que os reforços foram indicados por empresários e que não pode comprovar a qualidade deles apenas pelos DVDs enviados a Baixada Santista.

Além disso, Leão não recebeu nenhum jogador da lista passada por ele ao presidente Marcelo Teixeira. A amigos, o técnico admite que a situação está a cada dia pior, citando ainda problemas com a herança deixada por Vanderlei Luxemburgo.

Temporal

Madrugada de segunda, 04h12. Praia Grande, choveu muito, mas faz calor

Ao Acordar: café com leite e bolacha de leite com mel.
No Almoço: Churrasco no Tidi com Tutu de feijão.
No Jantar: nada.
Na Virada da Noite:
Isca de Pescada com Legumes fritos no Quiosque.
Um Som do Dia:
Falsa Consideração, com Jorge Aragão.

A chuva bate em sua cara.

Ele fecha os olhos.

A gota que escorre insiste em imitar a lágrima que tanto um dia já caiu.

Satisfeito, ele não quer mais sair dali.

Não ouve nada em sua volta.

Só o doce e terapêutico barulho das águas.

A calma é interrompida. O som da consciência é ensurdecedor.

Ela insiste em falar.

Chegou a hora de ouvi-la.

Cessam as gotas.

Ele volta a ser aquele cara.