O dia que deixaram o Rei jogar

Madrugada de quinta, 21 de junho, 01h45, hoje fez calor!

Café da manhã
: Nada.
Almoço
: Indefinido (um catadão que sobrou quando o restaurante fechava).
Jantar
: Um salgado de presunto e queijo e uma coca.
Na madrugada
: Espero conseguir algo ainda.
O que ouço: Discussões acaloradas entre os jornalistas na sala de imprensa do Olímpico.

Em terra de cego, quem tem olho é rei. O Rei da Libertadores é Juan Roman Riquelme, carrasco do Grêmio na noite desta quarta-feira.
Mais do que os dois gols marcados no estádio Olímpico, o talento do argentino deu ao Boca Juniors o sexto título da principal competição de clubes da América.
Riquelme marcou os gols em Porto Alegre, marcou um em Buenos Aires, além de participar diretamente dos outros dois.

O técnico gremista Mano Menezes não optou por uma marcação individual nos dois jogos da final. "Eu marquei como achava que deveria ter marcado. Só que um jogador como ele vai ter momentos de genialidade. Uns jogador de dois milhões vai jogar diferente de um de cem".
Mano reconheceu a superioridade do Boca Juniors e disse que o Grêmio chegou ao ápice dois anos antes do previsto.
Já Riquelme... bom, o craque justificou os 2,5 milhões de dólares pagos pelos argentinos para um empréstimo de apenas seis meses.
Um valor justo para aquele que foi considerado na noite de quarta-feira o melhor jogador da Taça Libertadores. O Rei da América.
Conrado Giulietti, Porto Alegre, Eldorado/ESPN.
* Texto do boletim pós Grêmio 0x2 Boca. Matéria veiculada no Jornal Eldorado. Ouça aqui!

Três palcos sem a boina

Madrugada de sábado, 16 de junho, 03h05, temperatura agradável.

Café da manhã
:coxinha de frango com catupiry e uma coca-cola.
Almoço
: Talharim com um suposto molho carbonara.
Jantar
: Porções de batata frita e calabresa no boteco.
Na madrugada
: Miojo e bolachas água e sal com manteiga.
O que ouço: Milton Nascimento.

Como um baita especial de Milton Nascimento passa as duas da manhã, sem a devida divulgação e com a sensação de que ele foi largado pela Globo onde deu pra encaixar?

As palavras vão vindo assim como é concebido o programa que cá assisto. Ora o computador, ora a tv. Ou seria o contrário?

São três palcos, me parece. Patrícia Pillar é a cereja da Globo. Não precisava estar ali. Mas aí não seria um evento global. Plin-plin.

Olha lá: uma propaganda dos cds de Jorge Ben Jor. “Um verdadeiro tesouro descoberto”, diz o locutor. Três álbuns da carreira que nunca saíram em CD. E ainda tem um DVD inédito. Porra. Anuncia isso nos intervalos do Jornal Nacional. Ou melhor, mancheta!! O Jorge Ben é bom pra ca*****!

Ah lá! Acabaram os reclames. O Milton ta falando. Mas acho que é antigo, afinal ele está usando a hoje abolida boina. O Milton sem a boina é esquisito.

Ih! Esses caras aí são loucos. Cordel do Fogo Encantado. Pronto, primeiros artistas identificados. Arranjos malucos esses... o percussionista é foda de bom.

Acabou o Cordel. Roda a câmera... são três palcos. Entra uma mina... Mariana Baltar.... identificada está!! Ela é uma espécie de cantora lírica. Soa gostoso no começo. Depois fica meio enjoativo. “...todo o artista tem de ir aonde o povo está. Se foi assim, assim será!....” Mais uma jóia do Milton. E a Globo não divulgou. Ai Brasil, reverenciai seus ídolos!

Palmas. Girou a câmera nesse cenário bem bolado. Outra cantora. A cara não me é estranha. Ué. Será que passou o nome dela enquanto eu olhava pro monitor? A banda que acompanha Shirle de Moraes (os caracteres, enfim, informam) é sensacional. Arranjos rock n’ roll no Milton! Esse guitarrista aí eu já vi como professor do Fama. Ah não. Ele toca baixo. Na outra música foi piano.

Palmas. Agora é a vez do Milton. Tristesse é a música. Tem uma mina ao seu lado. O Milton está gordo. Estranho sem a boina (de novo?!). Marina Machado. Muito prazer. Impressionante minha ignorância. Três cantoras de timbres peculiares e distintos. E eu nunca as vi mais gordas!! Ai Brasil, abras espaço para teus filhos!

“Fim de julho tem Som Brasil Noel”. Disse a cereja Pillar.

Já acabou?? É só uma vez por mês? Quando? Plin plin.

Ih! Clichê. Todos os artistas juntos, ao lado do Milton. Ele começa. Quer ver que eles vão entrando um a um, até formar aqueles corais desafinados? Matei. O Milton ta gordo. E sem noção: usa uma camisa garotão, marcando toda a barriga. A melhor delas é a Shirle. Coral!!! Todo mundo “lá lá lá lá iê lá... lá lá lá lá iê lá... eu só sei que há momentos que se casa com canção. De fazer tal casamento. Vive minha profissão”.

Vou baixar o volume. São três da manhã. Isso é hora de Milton Nascimento?

Na mira (dos que disparam, aos atingidos)

Madrugada de quarta, 13 de junho, 03h05, frio ameno, um cobertor basta.

Café da manhã:café e pão com manteiga.
Almoço: Miojo de carne.
Jantar: Yakissoba e frango empanado delivery do Lig Lig.
Na madrugada: Nessa nada. Mas, na anterior, queimada (churrasco com a MUQNM).
O que ouço: a TV. Sem um canal definido, tá chato.


Em tempos de discussão sobre essa lei, reproduzo um artigo que escrevi há dois anos,
provavelmente após receber mais uma multa (!).

A cena descrita: um parapeito, uma sombra, um esconderijo. A estrada ao lado o ignora. Calmo, como quem espera o momento certo para o bote, ele aguarda. Chega a hora do ataque. Sorrateiro, dinâmico, com precisão cirúrgica, ele vai direto ao ponto.

O relato acima poderia se encaixar na cena de um assalto tradicional de beira de estrada. Mas não, apenas a rodovia entra em nosso contexto. O sujeito referido é um simples trabalhador (daqueles que contam as horas para sentar-se à mesa com sua família para fazer uma refeição). Cumpre ordens. Aguarda o sinal, e, dispara o radar.

Pronto, você foi pego. Não adianta reclamar, espernear. Nem mesmo apelar para os recursos - aliás, conhece algum vitorioso através destes?

O ponto aqui levantado é: agindo desse modo, esperando o cidadão comum errar, a questão educativa proposta pela nova legislação de trânsito está sendo aplicada?

Talvez o único sentimento despertado no motorista punido seja a raiva. A repugnância àqueles que dirigem (no sentindo de governar), aos que fazem as regras.

O dinheiro das multas tem sustentado muitas cidades. Mas, em se tratando de grandes rodovias, já não bastam os altíssimos valores cobrados nos pedágios?

Nada de propor o caos. A segurança nas estradas se faz necessária pelo bem do mesmo cidadão comum.

E o cidadão, o motorista do cotidiano, aprendeu (ou pelo menos tenta assimilar). A partir de agora, olho na pista, olho no acostamento. Afinal, você nunca sabe quando será flagrado pelo paparazzi do trânsito.

Crônica de uma triste vitória

Madrugada de quinta, 07 de junho, 01h05, friozinho, mas o estádio pega fogo.

Café da manhã:café com leite, torradas com manteiga e bolachas de chocolate.
Almoço: Arroz, feijão e frango na cerveja (delicious!)
Jantar: Um pedaço de pizza e um "X-Calabresa".
Na madrugada: Strogonoff no pão italiano do Franz Café.
O que ouço: a Vila Belmiro ainda incrédula.

A Vila Belmiro aplaude o time. Os jogadores choram. O choro, hoje, é de tristeza. Faltou um gol. 3x1 para o Santos. Vitória do Grêmio, que vence
u em Porto Alegre por 2x0 e contou com o belo gol de Diego Souza na casa santista como fator preponderante no critério de desempate.
Ao Peixe, agora só o Campeonato Brasileiro. E Sem Zé Roberto, que despediu-se da torcida.

"Tenho até o final do mês para cumprir meu contrato. Não sei ainda a data certa da apresentação à seleção, se vai dar tempo de continuar jogando até o término do meu contrato. Saio agradecido pela temporada, pelo tempo em que tive no Santos. Um período que vai marcar minha carreira".

Com ofertas do futebol europeu, o craque deixará saudades na triste Vila Belmiro. *atualizado Conrado Giulietti, Eldorado/ESPN.

* Texto do boletim pós Santos 3x1 Grêmio. Matéria veiculada no Jornal Eldorado.

Incoerências?

Tarde de segunda-feira, 04 de junho, 15h15, um dia lindo e uma temperatura agradável

Café da manhã
: café com leite e bolacha
Almoço: Arroz e feijão da Célia, e o que parece ser uma tentativa de strogonoff de frango
Jantar: ainda não rolou
Na madrugada: (anterior) muita água pra curar a ressaca!
O que ouço: Long Plays, Publica

Santos é a cidade das tradições. Não uma cidade tradicional.

Tomar um café no Carioca. Um pastel do mesmo. O bolinho de bacalhau do Toninho. O molho de cebola do Ao Chopp do Gonzaga. A sopa na madrugada do Almeida. A torta de banana do Sevilha. A paella do Vista ao Mar. O chopp do Heinz.

São coisas que ouvimos desde a infância e que vão ficando. Se não for da tradição, esqueça. Os santistas carregam um orgulho-próprio que as vezes beira o exagero. Me lembro das discussões na faculdade, pois sempre achei que isso espantava quem vinha de fora. É inaceitável uma cidade com tantas belezas naturais não ser um forte pólo turístico. (foto Marcelo Justo)

Engraçado. Critico o excesso de tradicionalismo, mas fazendo uma rápida auto-análise, não sou a mais mutável das pessoas. Não quando se trata de coisas concretas, como qual cinema ir, qual comida pedir. Gosto de repetir o que julgo ser bom. Dizem que é coisa de taurino. Não que seja avesso às mudanças, mas preciso de bons argumentos para tal.

Paradoxal. Ao mesmo tempo, me orgulho de mudar de opinião com certa facilidade. Me deixo convencer por outras idéias, mesmo que naquele momento não confesse isso.

Matei a charada: enquanto me apoio na segurança das coisas tradicionais, um lado meu luta contra esse conservadorismo. Essa palavra me arrepia!

Ah, antes de mais nada: como descrito no perfil ao lado, sou nascido em Santos e me orgulho (!) disso.