Escovinha

Manhã de terça, 06h17, temperatura de dentro do avião.

Café da manhã: Só um café com leite. Não consigo comer o lanchinho do avião.
Almoço: (ontem) Uma Parrillada argentina na Colômbia.
Jantar: Uma massa, provavelmente tortellini, quase sem molho algum.
Na madrugada: O jantar foi servido nessa hora durante o vôo.
O que ouço: Djavan no fone de ouvido. As turbinas do avião no ambiente.

Nem ele sabe ao certo o porquê disso. Em meio ao caos habitual de seu trabalho, só há uma válvula de escape. Ele se separa do grupo de colegas. Abre a bolsa, e lá está em sua mão o instrumento terapêutico. Não, ele não fuma.

Em rápidos movimentos, todo o stress é descarregado na escova de dentes. Há uma forma correta de utilização. Cerdas voltadas para baixo, permitindo que elas toquem a palma da mão, cabo virado pra cima.

Ele chacoalha a escova. O semelhante ali próximo traga um cigarro.

Certa vez, novamente em meio a um turbilhão de tarefas, o agito da escova se fazia tão rápido que ela se quebrou. Desespero. Reação idêntica a um bebê que acabara de ver sua chupeta se perder no bueiro.

Ao invés de chorar, ele entra em parafusos. Vai quebrar o quarto do hotel.

Como uma dádiva divina, eis que o amigo ao lado lhe cede a sua escova de dentes. Pronto. O dormitório está intacto. O amigo, aliviado, ficará com mau hálito. E não terá que bancar com o quase estrago.

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