Solitário como um paulistano

Noite de quinta, 05 de julho, 18h45, faz frio só na sombra.

Café da manhã
: Café expresso e algumas bolachas do CT do São Paulo.
Almoço
: Gnocchi com um molho branco meia boca e uma bela polpetta.
Jantar
: Nada por enquanto, afinal o almoço foi tarde.
Na madrugada
: Vou evitar comer.
O que ouço: Amy Winehouse e a deliciosa Rehab.



Cruzo pessoas no elevador. Olhares para baixo. Raramente, um bom dia tímido.

Cruzo pessoas no metrô. Olhares para o horizonte, sem nada focado.

Cruzo pessoas nas avenidas. Olhares amedrontados, janelas fechadas.


Chegou o meu andar. Ainda bem. O silêncio era constrangedor.

A mochila estava aberta. Tento avisar. Provoco susto. Pior, para me ouvir, teve que desligar o seu walkman. Hora da baldeação.

Eles se odeiam. Mudou de faixa sem dar seta. Mas quem por aqui o faz?


Esperança. O interfone toca. Droga. O barulho incomodava. Quem? Ainda não fui apresentado.

Eis a estação. Ei! Prioridade para os que desembarcam primeiro. Não fui ouvido. Lógico, os fones impediam.

Uma buzina. Será um amigo? Ah, ok. A porta estava entreaberta.

São Paulo, capital da solidão.

2 comentários:

Unknown disse...

Adorei o texto, mas nem sempre São Paulo é sinônimo de solidão, aliás discordo. Depois que mudei pra cá minha vida virou uma montanha russa. Bjs e saudades.

Kagê disse...

Esses seres, cada vez mais "voltados para dentro", não são exclusivos de Sampa. A primeira vez que isso me chamou a atenção foi em Paris. Deve ser mal das grandes capitais. Meu medo é que chegue logo nas cidades menores, assim como a violência as alcançou.
Reparou? Essa multidão de gente só, que não enxerga ninguém ao seu redor, está com o walkman ligado ou falando ao celular.