Espelho

Tarde de terça, 13h16, fazia calor em Itapira. Faz frio aqui em São Paulo.

Café da manhã: Café com leite, pão com requeijão.
Almoço: (ontem) Um número 1, devorado na estrada.
Jantar: (ontem) Spaghetti al Itapira.
Na madrugada: nada.

O que ouço
: Meus pensamentos (não consigo bloqueá-los).


Quem sou eu, senão um poço de inseguranças?
Por fora, uma muralha de certezas.
Por dentro, todos os dias recolho os restos do muro destruído.
Penso, logo sofro.

Bananas pelo Brasil


Manhã de sábado, 11h25, faz calor aqui no aeroporto.

Café da manhã: Iogurte com suco de laranja, cenoura e mel. Um croissant e café com leite.
Almoço: A incomparável sequência de Camarão de Florianópolis.
Jantar: (ontem) Sashimi de salmão, acompanhado de salada de chicória com palmitos e muzzarela de búfala.
Na madrugada: nada.

O que ouço
: A ESPN Brasil, em um dos 14 jogos internacionais deste fim-de-semana.

Enquanto aguardo meu vôo para Floripa, penso nesta notícia, repercutida ao longo da última semana.

Da France Presse, em Londres.

Um acordo assinado pelo prefeito de Londres, Ken Livingstone, com a Venezuela para obter petróleo barato para a frota de ônibus da capital, em troca de assistência técnica, beneficiará até um milhão de londrinos, revelou nesta segunda-feira a prefeitura de Londres.

O acordo com a estatal Petróleos de Venezuela reduzirá em 20% a fatura de gasolina de Londres, reduzindo assim à metade o preço da passagem de ônibus para pessoas carentes, inválidos e mães e pais solteiros, entre outros, indicou a prefeitura da capital.


"Este acordo tornará mais fácil a vida de milhares de londrinos pobres", declarou Livingstone, ao lançar o plano nesta segunda-feira.

Em troca, a Venezuela terá assessoria de Londres em transporte público, em planejamento urbano, turismo e proteção ao meio ambiente.

O convênio, assinado em fevereiro por Livingstone com as autoridades de Venezuela --quinto produtor mundial de petróleo-- permite à prefeitura economizar U$ 32 milhões anuais, soma que utilizará para reduzir o preço do transporte para os mais necessitados.

O acordo com o governo do presidente Hugo Chávez foi criticado por responsáveis conservadores, que chamaram o presidente venezuelano de "ditador".

Ele pode ser um ditador, mas burro não é. Aproveitando a ótima sacada, eis aqui uma sugestão: bananas em troca de segurança.

Eu explico. O Brasil fornece bananas (ou café, ou laranja, enfim, aquilo que temos de monte) ao governo de Londres, para que este repasse aos homeless. Em troca, os sherlocks holmes ensinam nosso país a garantir a segurança ao cidadão. Além de nos mostrar como se mantém os bandidos presos, sem a fácil comunicação de hoje. Que tal?

Italia in Quindici Ore

Lunedi pomeriggio, 14h00, freddo nell´ombra, caldo nel sole.

Colazione: Café latte i un panne con burro.
Pranzo: Riso, Fagioli, Scarola e Fegato con cipolla, al vino bianco.
Cena: L´ora non´é arrivata.
La notte: Lo stesso.

Cosa ascolto
: Ancora, Orquestra Imperial.


Qundici ore di sonno. È insolito.
Anche quando non si dorme la notte scorsa.
Ma peró fa bene.
Sogno molto.
Mi trovo in Itália, tornato a la mia cara Monopoli.
Era tutto cosi reale.
Comprai um bocconcino al mercato.
Mi ricordo bene e non potró mai dimenticare l’acoglienza dei miei famigliari.
Santino, Mina, Maria e Gianni mi hanno accolto ancora come um figlio e fratello.
Mi sveglio al lunedi. Ero a Sao Paolo.
Ma sono sicuro che ero stato li.
La settimana comincia. Bella.
Bella come gli occhi suoi.

* Traduzione Santa Dragone Giulietti

Itália em quinze horas

Tarde de segunda, 14h00, frio na sombra, calor no sol.

Café da manhã: Na padaria. Café com leite, que em São Paulo se chama 'média' e um pão com manteiga.
Almoço: Arroz, Feijão, Escarola refogada e Bífe de fígado acebolado ao vinho branco.
Jantar: Não foi ainda!
Na madrugada: idem.

O que ouço
: De novo, Orquestra Imperial.


Quinze horas de sono.
É incomum.

Mesmo quando não se dormiu na noite anterior.
Mas, como faz bem.
Sonho, muito.
Estou na Itália, de volta a aconchegante Monopoli.
Era tudo tão real. Comprei boconccino na mercearia.
Me lembro do carinho dos familiares. Mina, Santino, Gianni e Maria mais uma vez me tratavam como um filho, um irmão.
Acordo na segunda-feira. Em São Paulo.
Mas tenho certeza que estive lá.
A semana começa. Linda.
Como os olhos dela.

Fiel

Madrugada de quinta, 04h11, calor carioca.

Café da manhã:Café com leite e um pão de batata.
Almoço: Rodízio de carnes da Estrela do Sul.
Jantar: Empadinhas e chopp do Belmonte de Copacabana.
Na madrugada: o janta
r avançou a noite.
O que ouço
: os gols de
Botafogo 2 x 3 Corinthians, narrados por Reinaldo Costa.

Como é uma vitória corintiana? Quando ela vem de uma forma improvável? Quando ela é sofrida? Ou, quando ela só e confirmada no último suspiro?

Junte tudo isso. E defina a vitória desta quarta-feira sobre o botafogo por 3x2, no Maracanã. Ou, deixe no resumo das palavras de Vampeta.

"Corinthians é isso mesmo. É mais gostoso".

O jogo deveria ter ocorrido na sétima rodada do Campeonato Brasileiro. Atrasado, deu ao Corinthians a 12 colocação ao término do primeiro turno.

A partir de agora, pé no chão, como diz o goleiro Felipe.


"Não adianta dizer que vamos brigar pelo título. Nosso primeiro objetivo é se distanciar da zona do rebaixamento".




Domingo, o Corinthians de Felipe e Vampeta inicia o returno em Caxias do Sul, jogando contra o Juventude.

Conrado Giulietti, Rio de Janeiro, Eldorado/ESPN.
* Texto do boletim pós Botafogo 2x3 Corinthians. Matéria veiculada no Jornal Eldorado.

Pura poesia

Madrugada de sexta, 02h35, um leve frio litorâneo.

Café da manhã:Café com leite e torradas.
Almoço: As maravilhas da Keiko, e seu restaurante japonês agradabilíssimo.
Jantar: Pizza no Van Gogh.
Na madrugada: nada.
O que ouço
: meus pensamentos em meio a um silêncio de paz.

Nosso olhar, no horizonte, sempre vai mais longe.

E nós dois, eu sei, que acharei um caminho.

Amanhã, simplesmente,

Tudo é diferente e melhor,

No mau ou pior,

Vou estar contigo.

Todo o dia é dia de aprender,

E viver...

Tempo de fazer e acontecer.

Todo dia é dia de recomeçar,

Todo dia é de sonhar,

E viver.

Tempo de fazer e acontecer.

*Com Guilherme Marino*

Inoperância a jato

Noite de sábado, 23h15, frio de 8 graus em Porto Alegre. Vai gear amanhã, segundo a previsão.

Café da manhã
:café latte e um pão de batata com requeijão.
Almoço
: Uma infinidade de opções do melhor serviço de buffet do Brasil: Dado Garden Grill, em Porto Alegre.
Jantar
: Uma massa leve no Spoletto.
Na madrugada
: nada.
O que ouço
: O novíssimo CD da Orquestra Imperial. "Carnaval só ano que vem" (ouça)

Atenção passageiros. Devido ao reposicionamento da aeronave, este embarque, quando realizado, será efetuado pelo portão 14. Atenção passageiros.

Silêncio. Vazio. Dezoito dias depois da maior tragédia da aviação brasileira, Congonhas vive um clima mórbido.

Aquele forte estrondo sentido no início da noite de terça-feira ainda ecoa nos ouvidos dos funcionários presentes no cotidiano do aeroporto mais perigoso do País. Não se vê sorrisos. Nem mesmo àqueles artificiais, que fazem parte do manual do bom comissário de bordo.

O destino é Porto Alegre. Tam é a companhia. Fazer o que? A vida continua. Mas não seguiu para eles. É impossível não imaginar que aquelas pobres vítimas passaram por aqui. Talvez neste mesmo JJ 3063.

Irônico. Congonhas está mais lindo do que nunca. A reforma, porém, de nada serviu. Uma bela embalagem, um conteúdo podre. Não serve. O dono do chique café recém-inaugurado deve estar frustrado. Ou, puto da vida.

O avião pousa. Hoje, se notadas, as mãos suadas acompanham a maioria dos passageiros. Aplausos. Alguém diz que aquilo nada mais é do que a obrigação do piloto. Desbafo. O ar preso é descarregado quando a aeronave freia. Antes bastava ela tocar o solo.

Atenção passageiros. Passageiros?